A Índia, dez anos depois
Postado em 11 Feb 2015 08 57 Textos Anteriores












O Buda de Dharamsala e a oferenda  
de biscoitos finos sem gordura trans,   
em vez de frutas e bolinhos de arroz:   
sinal de um tempo de mudanças   



por JOMAR MORAIS 


Há quase uma década, após percorrer 10 mil quilômetros no multifacetado território da Índia, recorri ao roteirista francês Jean-Claude Carrière para resumir minhas impressões. “É difícil amar a Índia”, disse Carrière num livro em que expõe sua paixão por esse país fascinante. Mas, acrescentei na época, é também difícil, muito difícil, não se deixar seduzir pela Índia. E mais difícil ainda esquecê-la. Amando-a ou detestando-a, voltamos para casa com uma marca formatada por choques e êxtases que, de algum modo, nos faz refletir sobre o que jamais pensamos antes.

Foi a paixão - e o pedido de um amigo curioso sobre minhas aventuras mochileiras, o filósofo José Ramos Coelho - que me trouxeram de volta ao palco de meu  maior mochilão, fonte de minha melhor matéria jornalística, chave de ouro com que encerrei meu ciclo de 40 anos em Redações. E, apesar da brevidade da passagem, aproveitando a sobra de tempo de um mochilão no Nepal, ter esse momento de intimidade com a amada trouxe de volta antigas emoções e a constatação de que fui bastante modesto em minhas previsões sobre o futuro da Índia e de sua cultura milenar.

Ainda é possível ver aqui ocidentais atordoados com o choque entre suas idealizações e uma Índia real feita de barulho, poeira, multidões e temperos fortes. Mas a verdade é que a velha Índia, mais rica e poderosa, está cada vez mais parecida com o Ocidente.

Nova Delhi, a capital, e Mumbai, a São Paulo indiana, são os maiores espelhos dessa mudança. Delhi ganhou um aeroporto que se encontra entre os melhores e mais high-tech do mundo e tem agora um metrô expresso luxuoso e silencioso sem paridade no planeta. As vacas e os elefantes sumiram de sua área central, que se encheu de semáforos, a população tem sido encorajada a largar o hábito de cuspir nas calçadas e os turistas advertidos sobre a esperteza dos “touts”, os atravessadores. 

As vias de acesso à cidade estão repletas de shopping centers gigantescos. Suas ruas, em tempo de eleição, exibem pautas sociais que surpreendem, mesmo quando se considera que há décadas a Índia é uma potência tecnológica, uma democracia vibrante e uma das maiores concentrações de PhD do planeta. Trabalhadores e estudantes conseguiram organizar um partido forte, o AAP, cuja ala jovem propõe até a liberação das drogas.

Há menos hindus rezando, nos fins de tarde, nos pequenos santuários de rua. Em compensação, os “kirtans” dos canais de TV religiosos estão cada vez mais parecidos com o padrão Igreja Universal. Até mesmo em Dharamsala, reduto tibetano na Índia, onde me encontro agora, ecoa mais nas ruas o som da música pop produzida em Mumbai do que os mantras que, no passado, constituiam uma espécie de trilha sonora do dia a dia. 

Em 2006, sugeri aos interessados em conhecer a única cultura ancestral viva em pleno século 21 apressarem-se em pegar um avião para a Índia. Nove anos depois, apaixonado – mas agora perplexo com a velocidade das mudanças – temo que já não haja tempo.

[ Publicado na edição do Novo Jornal de 10/02/15 ]
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Para acompanhar os flashes do Mochilão-2015 de JM, no Nepal e na Índia, acesse o perfil Jomar Morais no Facebook. A reportagem completa será publicada futuramente na seção "Viagem" deste site Planeta Jota


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Victoria
20 Dec 2015 17 39
For a trip like Seattle California I highly roemmecnd the train If you can afford the time. It's soooo much more comfortable and relaxed. And I think that route is the coastal starlight, which is pretty nice. I wish we could take the train out to visit my parents in Oregon, but I'm in Cleveland and 3 days is a little harder to swallow.Wish my baby I'm not sure how much difference getting him his own plane ticket would make. He will either be in my lap, or screaming, for the whole trip. And for take off and landing (the most dangerous parts of the trip) I nurse him to keep his ears from hurting. Both times I've flown with him (2 mons and 7 months) I've felt guilty for not buying him a seat, until I realized a child seat won't do him any good if he's not in it. http://zkllagocom.com [url=http://adpltpckjqz.com]adpltpckjqz[/url] [link=http://krifwmww.com]krifwmww[/link]
Leonard
18 Dec 2015 07 11
승기, 너무 귀엽지 않아요?? ㅎㅎ작년에 한국에 있을 때 즐겨보던 TV 프로 중에 하나에요. 1박 2일!!다음 주에 같이 이 노래 불러 볼까요??No es chulo SeungKi?? jeje..El af1o pasado, cnuado estuve en Corea ese programa es uno de mis favoritos de tele. 1bak 2il..!!Que9 les parece que cantemos esa cancif3n el se1bado que viene??
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