O jornalismo e os jovens
Postado em 16 Dec 2016 03 14 Textos Anteriores











"As redes sociais não substituem e nem  
eliminam o jornalismo. O jornalista  
competente faz a diferençaa"  

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por JOMAR MORAIS


Ontem tive o prazer de ter um bate-papo com estudantes de jornalismo que participaram, este ano, do projeto inovador Master Foca, do NOVO em parceria com a UnP. Como jornalista, professor e praticante espiritual dediquei boa parte de minha vida ao contato com jovens e até hoje, aposentado, continuo interagindo com eles em minhas frentes de trabalho voluntário. Tenho certeza de que eu seria pior sem esse diálogo com as novas gerações.

Mesmo assim, ao receber o convite da jornalista e professora Cristina Vidal para a conversa de ontem, hesitei e minhas dúvidas oscilaram entre o desencanto de Nélson Rodrigues com a juventude dos anos 70 e a certeza de que tenho pouco ou nada a acrescentar às pessoas, que a maturidade me deu.

Em uma entrevista antológica concedida a Otto Lara Resende, na TV Globo, em 1977, Nélson Rodrigues foi provocado a deixar uma mensagem aos moços. Com o talento de sempre, mas sem um pingo de piedade, ele disparou: "Que eles envelheçam. Envelheçam rapidamente!"

Dias antes, o escritor havia saído de uma longa internação hospitalar, na qual ficara em estado de coma. E isso me leva a pensar que só perdemos a fé nos jovens e deploramos sua companhia quando nos afastamos da flexibilidade da vida e nos aproximamos da rigidez da morte, atados ao mundo que construímos.

Mas não seria também um exagero achar que um dinossauro desdentado - um jornalista aposentado, por exemplo - já não tem o que oferecer a jovens de mentes fervilhantes e corações inseguros? Certamente. É sobre a base da experiência passada que as novas gerações reinventam sem parar o mundo, mesmo quando é necessário demolir paredes e muros.

Neste momento, o jornalismo vive - outra vez! - o drama de sua reinvenção. As mídias de meu tempo ficaram obsoletas e o pecado de minha geração, aí incluídos os jornalistas e os empresários da comunicação, foi duvidar que isso estava prestes a acontecer e assim terem perdido um tempo enorme para a gestação de novos modelos. Da mesma forma, insistimos em nos proteger no casulo da arrogância - e até no da locupletação! -, sem percebermos que a prática do jornalismo seguia divorciada do ideal do jornalismo.

Como Nélson Rodrigues, sobre o pedestal de nosso talento vimos o tempo passar enquanto pedíamos aos jovens que envelhecessem.

Mas ainda há tempo. Ainda existem jovens. E ainda existem profissionais experientes, sensatos e visionários que ousam interagir com jovens em protótipos de um novo modelo de comunicação. É o caso deste Novo Jornal, fluindo em multiplataformas e experimentando novos jeitos de informar com rapidez e clareza.

Não, as redes sociais não substituem nem eliminam o jornalismo. A montanha de dados e espasmos trafegando na net tornou ainda mais necessária a presença e o trabalho de profissionais aptos a garimpar o ouro da informação relevante, conectar dados, construir narrativas inteligentes  e apontar rumos para um público vasto desinformado ou desorientado por conteúdos sem sentido ou peças de manipulação.

Sem a arrogância do passado, o jornalista competente continua a fazer a diferença.

[ Publicado na edição do Novo Jornal de 13/12/16 ]

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