Diagnóstico da crise
Postado em 08 Jun 2016 17 49 Textos Anteriores












Enfim, um político falou sem rodeios na TV  
aberta sobre a crise politica e estarreceu  
o país: "uma quadrilha tomou o poder"  



por JOMAR MORAIS


Qualquer brasileiro bem informado sabe o que vem acontecendo no Brasil desde o início do processo de impeachment da presidenta Dilma Rousseff. No exterior sabe-se também, graças à independência dos veículos de comunicação. A questão é que boa parte da população brasileira, ainda dependente da mídia convencional – em sua maioria partidarizada – não sabe exatamente o que está se passando, pois lhe é sonegada a informação pura e simples.

Como estar bem informado, por exemplo, assistindo apenas aos noticiários da TV Globo? Como entender, nesse contexto, porque as pesquisas de opinião, abundantes antes do afastamento da presidenta, desapareceram da TV e dos jornais tão rapidamente quanto o aumento da impopularidade do interino Michel Temer, que assumiu a presidência com apenas 8% de aprovação popular e hoje, ao que parece, tem ainda menos apoio?

Nesse cenário obscuro, assistir à entrevista do ex-ministro Ciro Gomes à jornalista Mariana Godoy, da Rede TV, dá-nos alento e a esperança de que nem tudo está perdido na política e na mídia.

Ciro é pré-candidato à presidência da República. Já foi candidato e perdeu. Talvez perca de novo, se vier a candidatar-se, pois seu perfil ético e psicológico (ele é impetuoso e ácido) assusta a elite econômica e parece não sensibilizar o eleitor desinformado, em que pese o seu extremo didatismo. De qualquer modo, ouvi-lo dissipa as brumas deixadas pela falta de informação ou pela narrativa adulterada dos fatos.

Ex-deputado e ex-governador, Ciro conhece, como todos os políticos, os bastidores do poder e suas relações com as poucas famílias que mandam, de fato, no Brasil – aqui incluídos os banqueiros, os donos da grande mídia e alguns grandes empresários. A diferença é que ele fala sem rodeios sobre isso na TV aberta.

Crítico de Dilma Rousseff, mas defensor de seu mandato legítimo (ela é honesta mas inábil, segundo ele), de Lula e do PT (que escolheram enlamear-se na corrupção em pactos espúrios para manterem-se no poder), Ciro Gomes apresenta-se com autoridade para resumir Michel Temer e o seu partido: 

"O PMDB é um ajuntamento de grupos estaduais que se caracterizou, mais recentemente, por uma quadrilha. Tem muita gente boa, muita gente séria, muita gente patriótica, mas os que tomaram conta da estrutura, da burocracia, do comando mesmo do PMDB é uma quadrilha de salteadores. (…) Michel Temer é um testa de ferro, ele nunca foi chefe de nada, ele é homem do Eduardo Cunha.”

Em sua entrevista, Ciro entra em minúcias da operação de desmonte que começou a ser feita pelos ministros Meireles e Serra - que ele considera os dois únicos competentes do atual governo – com o objetivo de assegurar os ganhos dos bancos e dos ricos que vivem de renda financeira e realinhar incondicionalmente o país aos Estados Unidos, sabotando inclusive o papel desempenhado hoje pelos Brics, os países emergentes.

"Começou a cair a máscara do Golpe", diz Ciro. Em breve, segundo ele, a própria Fiesp perceberá que a operação em processo é contra o interesse das empresas brasileiras.

[ Publicado na edição do Novo Jornal de 07/06/16 ]


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