Reinventar o casamento?
Postado em 08 Oct 2015 07 54 Textos Anteriores










A visão romântica dos relacionamentos, que   
embala nossos sonhos, esconde jogos de poder   
que minam as bases do amor verdadeiro  



por JOMAR MORAIS


Não, este não é um texto do gênero “como salvar seu casamento”, com seus passo a passo repletos de obviedades e clichês, todos servindo ao propósito de aproximar os relacionamentos reais, com suas delícias e dores, ao padrão idealizado e romântico dos contos de fadas. Não, não creio nessas fórmulas miraculosas, inspiradas no mais puro egoísmo.

O que me preocupa é algo mais grave. É a patologia dos sentimentos que costuma acompanhar o modelo de relacionamentos e de união que se consolidou entre nós e sua consequência dramática quando já não conseguimos administrá-la: os chamados crimes passionais. Isso envolve  nossa autoimagem, nosso jeito de lidar com o prazer e a dor, nosso conceito de amor, nossa capacidade de empatia e compaixão e, claro, os contratos sociais que concebemos para proteger a família e garantir direitos individuais no mundo real dos relacionamentos.

Crimes passionais e suicídios com esse tipo de motivação nos comovem e nos assustam, abalando nossa confiança  na espécie humana. Mas, imagino, a sensação apocalíptica que experimentamos diante de tais ocorrências emergem do detalhe de vivermos hoje em um mundo de 7,3 bilhões de almas interligadas, em tempo real, pelas tecnologias de comunicação. O eco dos eventos foi amplificado e, assim, seus efeitos psicológicos se tornaram mais intensos. 

Os clássicos da literatura universal, aqui incluída a Bíblia, comprovam que há milênios praticamos tais desatinos e com eles nos comprazemos. E, a meu ver, esse é o ponto que realça a sua gravidade: o fato de, após uma jornada tão bem sucedida em desenvolvimento intelectual e tecnológico, nossa vivência afetiva e nossos conceitos e normas morais ainda serem fortemente influenciados pelo chamado “cérebro reptiliano”, hábil para processar apenas reações de defesa e sobrevivência.

A beleza da visão romântica dos relacionamentos, que embala nossos sonhos e nos consola com a arte, esconde intenções e jogos de poder que minam as bases do amor verdadeiro. Não há relacionamento que resista às exigências de um ego carente, incontrolável em sua insegurança e sua ânsia de domínio. Mas é justamente esse nosso lado doentio que continua legitimado e reforçado por padrões sociais e pelos contratos jurídicos aplicados às relações afetivas.

Também quanto a esse tema, não sou pessimista e acredito que continuaremos dando passos que nos libertem, algum dia, de nossas concepções e estruturas egoísticas e seu rastro de dor. 

Para onde vai o casamento? Não sei, mas boto fé em sua reinvenção, a partir de um novo conceito de união e um novo elenco de deveres e direitos. Este é um processo em andamento, como verificamos pela observação da história, remota e recente. Os passos mais largos, no entanto, exigem que, antes da norma, o casamento seja reinventado no coração e na mente das pessoas, com ágape (o amor pleno e  incondicional) equilibrando eros (o amor inseguro e eternamente incompleto dos amantes).

[Publicado na edição do Novo Jornal de 06/10/15 ]

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Arnie
19 Dec 2015 07 34
Never seen a beettr post! ICOCBW
Felipe
18 Dec 2015 07 34
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Hendra
18 Dec 2015 00 20
1- A verdade dos juedzos moaris depende da opinie3o pessoal de cada individuo, porque o que cada individuo acha que este1 bem ou mal provem dos suas opinif5es, prefereancias e sentimentos.2-Sim
Alex
17 Dec 2015 09 39
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Jomar Morais
13 Oct 2015 11 07
Amigo Jorge, talvez o mais apropriado seja dizer "quase sempre nos apegamos..." rs rs Grato pela leitura.
Jorge Brauna
11 Oct 2015 11 39
Boa reflexo, amigo. Muitas vezes nos A pegamos ao filme da vida e no na prpria vida.
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