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OUTRO OLHAR por Jomar Morais
O PROFESSOR E O FILÓSOFO
Um filósofo tem mais perguntas a fazer do que respostas a dar, é uma criança descobrindo o mundo. Sua postura cândida pode ser mais que inconveniente.
Qual a diferença entre um professor e um filósofo? Há uma resposta preciosa para essa pergunta no livro O Mundo de Sofia, do norueguês Jostein Gaarder: “A grande diferença entre um professor e um verdadeiro filósofo é que o professor pensa que sabe um monte de coisas e tenta enfiar essas coisas na cabeça de seus alunos. Um filósofo, ao contrário, tenta ir ao fundo das coisas dialogando com seus alunos”.
Em nossa rotina pragmática, delimitada por habilidades e certificações, até os técnicos de futebol viraram professores, enquanto o ideal da filosofia - o amor à sabedoria e à incursão no mistério -, que no passado frequentou as praças e foi servido à juventude, acabou banido para o círculo estreito das academias, onde, aliás, há poucos filósofos verdadeiros.
Nas suas versões consumistas, professores, coachers e gurus exibem respostas prontas para nossas dúvidas, transmitem-nos conforto e segurança e nos ajudam a pôr em prática nossas políticas de resultados. Já um filósofo...
...Um filósofo parece obstinado em trafegar na contramão daquilo que o senso comum e a ilusão dos sentidos referendam, minando a empáfia na qual se sustentam as verdades utilitárias e os sistemas perfeitos.
Um filósofo tem mais perguntas a fazer do que respostas a dar, é uma criança descobrindo o mundo. Sua postura cândida e inquieta, em muitas ocasiões, pode tornar-se mais que inconveniente. Pode ser fatal. O caso de Sócrates é exemplar. Suas perguntas ingênuas, no mercado de Atenas, simplesmente desmontavam o conhecimento dos sabidos, o que gerou a ira dos poderosos e orgulhosos. Acusado de corromper a juventude, ao questionar crenças e valores de seu tempo, o filósofo pagou com a própria vida pela ousadia de enxergar o óbvio.
A mensagem e o método de Sócrates apoiam-se, principalmente, em duas constatações. A primeira está sintetizada na frase “só sei que nada sei”, um insight que ilumina a vida de todo verdadeiro sábio, preservando-o das ilusões. Pouco antes de Sócrates nascer, por exemplo, o filósofo chinês Confúcio disse o mesmo com outras palavras: “Quem reconhece sua ignorância começa a ser sábio”. A segunda comprovação também é inerente à sabedoria e na época de Sócrates estava inscrita no portal da sala do oráculo mais respeitado da Grécia, o do templo de Apolo, em Delfos: “Conhece-te a ti mesmo”. Isto é, a verdade vem de dentro.
Enfim, filósofos verdadeiros, como Sócrates, expressam a verdade anunciada por Lao-Tse no Tao Te King: “O verdadeiro sábio, quando conhece Tao (a realidade infinita), procura realizá-la em si. Quem ainda vacila, incerto na sabedoria, só de vez em quando segue o caminho certo. Quem apenas fala em sabedoria não a toma a sério”.